O termo vem do estudo da neurociência aplicada à arquitetura e podemos descrever descrevê-lâ como o impacto do ambiente em nossa vida. Assim, quando aplicada na rotina, há melhora na qualidade do produto entregue e na vida do usuário deste espaço.
A influência do ambiente em nossa vida é inquestionável e impacta diretamente nosso comportamento e emoções. Estima-se que o adulto moderno passa cerca de 90% do seu tempo em ambientes fechados, por isso, o estudo do espaço que ele estará se torna tão importante para o alcance do máximo proveito de suas capacidades físicas e cerebrais.
É possível concluir, portanto, que neuroarquitetura é o termo especifico que relaciona os estímulos cerebrais vindos do ambiente onde se está. Em outras palavras, trata-se do estudo das substâncias produzidas pelo cérebro durante a permanência em determinado locais. E sabe o que é melhor? Podemos adaptar o nosso ambiente para induzir a produção da substância que queremos para os nossos usuários, tanto no curto prazo, quanto no longo prazo. Isso vem sendo abordado em diversos projetos e pode ser mensurado por diversos indicadores:
– Índice de absenteísmo;
– Produtividade geral da equipe;
– Felicidade no trabalho;
– Qualidade de vida.
Ao pensarmos em espaços baseados em artifícios da neuroarquitetura, é preciso saber que cada pessoa reagirá de sua maneira àqueles estímulos. Dessa forma, não podemos atribuir regras quanto à aplicação, mas podemos ditar orientações.
A primeira delas seria relacionada a uma necessidade básica do ser humano: pertencer. O conceito de pertencimento foi definido pelo psicólogo américa Abraham Maslow e se refere à urgência do ser humano em pertencer a um grupo social. Essa teoria vem sendo cada vez mais aplicada à neuroarquitetura como a “teoria do pertencimento”, trazendo um sentimento ao usuário de que ele “faz parte” daquele meio.
E como podemos aplicar isso em espaços de trabalhos? Simples. É sabido que os maiores estímulos cerebrais são obtidos por meio de boas lembranças, ou seja, memórias visuais, auditivas e olfativas. Portanto, na hora de projetarmos um espaço ou de cuidarmos do escritório de uma empresa que esteja nos contratando, é sempre importante lembrarmos desses pilares para que, no final, os usuários se sintam acolhidos e tenham a melhor experiencia de trabalho possível.
Com base nisso, selecionamento alguns fatores que podem ser aplicados em qualquer ambiente:
Iluminação: sempre que possível, aproveite a luz natural, mas projete uma iluminação artificial capaz de iluminar o suficiente para manter o usuário ativo e concentrado. Há estudos que comprovam melhoria da produtividade em até 20% em ambientes melhores iluminados. Na área de convivência, invista em luz amarela, pois ela estimula a produção de melatonina. A luz branca deve ficar em áreas que exigem concentração e foco.
Ar livre: ambientes bem iluminados e com boa ventilação estimulam o relaxamento. Crie uma fachada com vista para a luz do sol e aproveite. Tente sempre fazer com que as posições tenham um layout mais humanizado.
Natureza: a presença do verde não poderia ficar de fora. Criar sensação de natureza estimula o relaxamento. Aposte em plantas, quadros com paisagens, piso de madeira e até fontes de água.
Entendermos melhor como o nosso cérebro é estimulado, principalmente no que tange os pensamentos criativos que estão abaixo do nível da consciência, pode nos ajudar a fomentarmos projetos melhores e impactar nossa equipe e usuários de forma ainda mais profunda.
O entendimento dos instintos humanos e de nossas emoções fará com que a arquitetura seja cada vez mais utilizada como uma ferramenta de transformação de comportamentos e produtividade.
Victor Cezare
Engenheiro responsável pelas Obras Corporativas.